alegoria
Portugal é um automóvel. Os portugueses são os passageiros e o Estado é o sistema de segurança. O automóvel arranca e vai ao seu destino - rectas, curvas, subidas, descidas, etc. Se pensarmos noutros países e no mercado global, podemos adicionar mais carros e mais passageiros. O trânsito flui normalmente. No entanto, existe sempre o perigo de acidente e é aí que entram os Estados, no papel de cinto de segurança, ABS, airbags, pára-choques e por aí em diante. Até aqui, tudo bem.
Agora imaginemos um Estado inteligente, um sistema de segurança que pensa por si: começa por adicionar uns travões novos, cintos de segurança nos bancos de trás, enche o porta-bagagens de pneus para piso molhado e seco, junta umas correntes para conduzir na neve, uns avisos sonoros para ajudar a estacionar, uma caixa de mudanças automáticas e mais uma infinidade de coisas - úteis ou não, é irrelevante para o caso.
Posto isto, perante uma situação de perigo eminente que leve à necessidade de fazer uma travagem a fundo (recúo da procura devido à crise actual), é fácil sugerir que os carros com mais sistemas de segurança safar-se-ão melhor que os outros. Mas isto pode não ser completamente verdade: os sistemas de segurança tem um custo: neste caso específico, o seu peso. Quanto mais aparelhos e ferramentas tiver ao seu dispor, mais pesado se torna o carro. E isto influencia a sua velocidade.
Se assumirmos que os carros com os sistemas mais rudimentares andam mais depressa que os outros, torna-se óbvio que a travagem que terão de fazer será muito mais violenta, com fortes possíbilidades de consequências graves e mais ou menos permanentes. Mas também será verdade que, após a travagem, esses mesmos carros (países) serão os que vão retomar a sua velocidade anterior mais rapidamente.
Portugal é um automóvel. Parece-me que já ultrapassou a sua tara de peso há muito tempo.