porquê rangel ?
Nos últimos meses, Paulo Rangel tem sido uma das poucas pessoas a fazer uma verdadeira oposição ao Partido Sócrates. Apesar de não concordar com ele em diversas matérias, creio que tem desempenhado o papel de líder da bancada parlamentar do PSD com grande competência. Foi como que uma lufada de ar fresco no bafio da Assembleia da República.
Num ano com três eleições - europeias, autárquicas e legislativas - Rangel é escolhido como cabeça de lista do PSD para o parlamento europeu, quando poderia perfeitamente fazer parte do Executivo Ferreira Leite, caso o PSD ganhasse as legislativas. Afinal de contas, o que é que se ganha com isto?
Aparentemente foi uma aposta de sucesso, como se tem verificado tanto nos debates com Vital Moreira como nas sondagens, que mostram um empate técnico entre PS e PSD, com uma tendência de subida para os sociais-democratas. Mas, por outro lado, vê-se muitas vezes Rangel a usar a sua campanha para apontar o dedo ao Governo Sócrates e poucas vezes para discutir questões realmente europeias.
Compreende-se que, dado o distanciamento em relação à Europa e aos assuntos europeus, esta campanha seja usada como preparação para as legislativas. Isto não é exclusivo do PSD, todos os partidos o fazem. Um bom candidato e uma boa campanha às europeias pode garantir um maior número de votos nestas eleições, o que enfraquece ainda mais o já débil Executivo em funções. Daí o aproveitamento para criticar o Governo enquanto se faz alguma campanha em relação a matéria verdadeiramente europeia - na qual tem deixado bastante a desejar, na minha opinião.
Assim, com a escolha de Rangel, ganha-se a possibilidade de vitória do PSD nas eleições europeias e o mais que provável enfraquecimento do PS para as próximas legislativas. No entanto, perde-se um bom deputado, que será enviado para uma espécie de exílio de cinco anos no Parlamento Europeu, onde a sua relevância política será muito menor.
Valerá a pena?