28.5.09

choque tecnológico

Ninguém me tira da cabeça que os sinais do verdadeiro choque tecnológico são os semáforos com controlo de velocidade.

• • •

27.5.09

magical thinking

Dias Loureiro renuncia da sua posição no Conselho de Estado. Espera-se que, nas próximas horas e seguindo o exemplo, José Sócrates anuncie também a sua demissão.

• • •

imposto universal

«O presidente do PS saiu em defesa da ideia de Vital Moreira de criar um impostos europeu, admitindo inclusivamente a necessidade e novos impostos mundiais»

Almeida Santos no JN. Para quando a criação de um imposto galáctico para resolver os problemas universais, como as mudanças climáticas de Marte ou o lixo proveniente da cintura de asteróides?

• • •

a notícia mais estúpida de sempre

«Algumas lotas portuguesas vão passar a vender pescado através da Internet, um processo com um investimento de 340 mil euros, que vai iniciar-se quarta-feira em Peniche, avançou hoje o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas»

No Destak.

• • •

porquê rangel ?

Nos últimos meses, Paulo Rangel tem sido uma das poucas pessoas a fazer uma verdadeira oposição ao Partido Sócrates. Apesar de não concordar com ele em diversas matérias, creio que tem desempenhado o papel de líder da bancada parlamentar do PSD com grande competência. Foi como que uma lufada de ar fresco no bafio da Assembleia da República.

Num ano com três eleições - europeias, autárquicas e legislativas - Rangel é escolhido como cabeça de lista do PSD para o parlamento europeu, quando poderia perfeitamente fazer parte do Executivo Ferreira Leite, caso o PSD ganhasse as legislativas. Afinal de contas, o que é que se ganha com isto?

Aparentemente foi uma aposta de sucesso, como se tem verificado tanto nos debates com Vital Moreira como nas sondagens, que mostram um empate técnico entre PS e PSD, com uma tendência de subida para os sociais-democratas. Mas, por outro lado, vê-se muitas vezes Rangel a usar a sua campanha para apontar o dedo ao Governo Sócrates e poucas vezes para discutir questões realmente europeias.

Compreende-se que, dado o distanciamento em relação à Europa e aos assuntos europeus, esta campanha seja usada como preparação para as legislativas. Isto não é exclusivo do PSD, todos os partidos o fazem. Um bom candidato e uma boa campanha às europeias pode garantir um maior número de votos nestas eleições, o que enfraquece ainda mais o já débil Executivo em funções. Daí o aproveitamento para criticar o Governo enquanto se faz alguma campanha em relação a matéria verdadeiramente europeia - na qual tem deixado bastante a desejar, na minha opinião.

Assim, com a escolha de Rangel, ganha-se a possibilidade de vitória do PSD nas eleições europeias e o mais que provável enfraquecimento do PS para as próximas legislativas. No entanto, perde-se um bom deputado, que será enviado para uma espécie de exílio de cinco anos no Parlamento Europeu, onde a sua relevância política será muito menor.

Valerá a pena?

• • •

20.5.09

mudam-se os tempos

Outubro de 2008:

Há pouco mais de um mês, José Sócrates fez um aguerrido discurso partidário em Guimarães, no qual, entre outras tiradas inflamadas, assegurou que não iria «permitir que o valor das pensões dos portugueses seja jogado na Bolsa e entregue aos caprichos dos mercados financeiros, como defende o PSD»

Fonte: Sol
------------------------
Maio de 2009:

Os gestores do instituto público da Segurança Social responsável pelo PPR do Estado aumentaram de forma expressiva a aposta em acções no mês passado, ao mesmo tempo que reduziram o investimento em dívida pública portuguesa.

Fonte: negócios

• • •

uma espécie de ranking

«Portugal conseguiu recuperar em termos de competitividade e tornar-se no país mais competitivo do Sul da Europa»

Esta é a
notícia mais importante do dia. Todos os esforços feitos pelo governo português deram resultado: o IMD fez Portugal subir três lugares no ranking da competitividade. Manuel Pinho grita de alegria. Imagino que José Sócrates tenha aberto uma garrafa de champanhe para celebrar. Este é o executivo das estatísticas. Quaisquer números, indicadores, índices, percentagens servem como bandeira do sucesso do PS nos últimos quatro anos. Mesmo quando não têm significado nenhum. Portugal subiu na classificação simplesmente porque perdeu menos competitividade relativamente à Espanha, Itália e Grécia. Não quer dizer que está melhor em relação ao ano passado. Só quer dizer que está menos mal.

• • •

19.5.09

um bom exemplo

Com o dinheiro dos outros também faço figura.
Imagem via Blasfémias

• • •

cuba

«(...) porque não se pode, num período de dificuldades, andar a consentir que empresas que apresentam uma porção de lucros todos os anos, andem a pôr trabalhadores na rua»

Via Jornal da Madeira. Alberto João Jardim andou anos e anos a insurgir-se contra os hábitos cubanos dos sucessivos governos do continente. Parece que a teoria económica cubana começa agora a criar raízes na sua ilha da Madeira.

• • •

16.5.09

o voto jovem

Desde o ano passado, durante a campanha eleitoral de Barack Obama, que se tem observado um pouco por todo o lado o apelo ao voto. Daí surgiu uma espécie de efeito bola de neve com organizações, políticos e celebridades a dizerem que toda a gente tem uma voz e que todos os votos contam. Tornou-se praticamente imperativo ir votar. Para mim, é uma atitude sensata pois quanto mais gente votar, mais representativo se torna o resultado de uma eleição ou sufrágio. Mas que efeito tem este apelo na prática?

Uma acção deste tipo tem como principal target os jovens, por algumas razões muito simples. Primeiro, não estão particularmente interessados na vida política. Vão ouvindo umas frases pelo ar, lêem umas linhas dos jornais, levam com uns gritos da Moura Guedes e pronto. Podem ter algumas ideias mas não passa disso. Em segundo lugar, acham que têm coisas melhores para fazer ao Domingo do que ir votar - eu também acho. Por último, sentem que existe um fosso enorme a separá-los das palermices que a classe política vai debitando.

Portanto, precisam de ser convencidos. Muito bem convencidos. Há que mostrar-lhes que vale a pena votar, porque daí vão resultar coisas boas. Dar a ideia que a distância entre os putos e os dinossauros não é assim tão grande. Vender-lhes a ideia de um futuro melhor, cheio de direitos e previlégios. A troco de apenas uma cruz num papel. E para isto ser bem feito, não existe melhor máquina de propaganda de marketing que os partidos de esquerda.

A esquerda vende um produto com uma aparência agradável que alimenta a ilusão jovem de um mundo feito de igualdades e benifícios, pago um bocadinho por todos. Usa lemas como a protecção ambiental, a liberalização do aborto e leis mais soltas no que toca às drogas. Defende semanas laborais mais reduzidas com salários mais altos, a proíbição dos despedimentos e a nacionalização de grandes empresas. Reclama para si o direito de invocar a palavra liberdade, escondendo que tudo isto seria a destruição da economia portuguesa.

Em termos publicitários, a direita portuguesa não existe. Defende políticas gastas de uma forma deprimente. É incapaz de transmitir qualquer ideia orientadora ou proposta verdadeiramente alternativa. Vive de apontar o dedo e não me parece que, com os líderes actuais, as coisas mudem nos próximos tempos. A direita tem de perceber que a única forma de fazer oposição a um governo PS mais chegado ao centro é pela via liberal, para fazer com que Portugal saia da estagnação na qual entrou há uns bons dez anos.

Defender (no mínimo dos mínimos) o corte de impostos, especialmente o IRC, e a diminuição da despesa do Estado é absolutamente fulcral.

Enquanto não houver uma alteração do paradigma do que é ser de direita, todos os votos ganhos por estes apelos vão parar a partidos socialistas ou comunistas e lá se vão mais quatro anos.

• • •

15.5.09

quem é quem

«Ferreira Leite e Pinho juntos na reunião dos mais influentes do mundo»

No Diário Económico. Conta a história que Pinto Balsemão tem convidado todos os anos dois ilustres políticos portugueses para marcar presença nos encontros Bilderberg. Ao que parece também é costume um dos convidados ser representante da esquerda e o outro da direita. Fiquei sem saber qual deles os dois - Ferreira Leite e Manuel Pinho - representa o quê.

• • •

13.5.09

capitalismo social

«A Comissão Europeia quer que Portugal devolva 5% dos fundos comunitários gastos entre 2003 e 2008»

No negócios. Ao que parece, o problema está no facto de a lista de fornecedores de material informático do Estado ser a mesma há quase uma década, o que viola as regras comunitárias sobre a concorrência. A AdC ainda não se pronunciou sobre o assunto.

• • •

revisionismo

Abril de novo. PREC de novo?

• • •

12.5.09

ideias

«As PME portuguesas são asfixiadas por terem de reservar 63% dos seus rendimentos para encargos sociais e fiscais, mais 10 por cento do que num país como a Alemanha»

No Diário Digital. Mais do qualquer programa de apoio, linha de crédito, subsídio ou pacote de regalias e burocracias, o principal - e único - incentivo que se pode dar ao emprego e ao empreendedorismo em Portugal, neste momento, é a redução da carga fiscal sobre as PME.

• • •

hoje adormeci a pensar nisto

Os valores gastos em contratações pelo SL Benfica, ano após ano, deveriam aparecer nas estatísticas do Banco de Portugal.

• • •

11.5.09

hoje acordei a pensar nisto

Porque é que nunca ninguém se preocupa com a possibilidade de cartelização no mercado dos combustíveis quando o gasóleo está abaixo de 1 euro por litro?

• • •

e ainda o ataque dos clones

• • •

10.5.09

ídolos

«O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou que o seu governo controlará dentro de pouco tempo os bens e serviços das companhias petrolíferas que operam na Venezuela»

No i. Este senhor é um herói para todas as camadas políticas portuguesas. Se ao menos Portugal também tivesse petróleo...

• • •

transparência

«Cumprimos objectivos mas que por vezes parecem invisíveis»

Quique Flores, n'A Bola. Às vezes penso que este Governo PS só teria a ganhar se aproveitasse alguns dos discursos do treinador (?) do SL Benfica.

• • •

non-denial denial

«Aumentar impostos? Era só o que faltava!»

José Sócrates, via tvi24. Acreditem nele: Sócrates não precisa de aumentar impostos já existentes. Basta-lhe criar impostos novos.

• • •

8.5.09

mais um ataque dos clones

• • •

5.5.09

confusão

Sobre o incidente da garrafa de água, do bigode e do desespero dos trabalhadores, sempre pensei que selvagens fossem os neo-liberais. Afinal andava enganado.

• • •

do mérito

Sabe-se hoje, pelo Secretário de Estado do coiso Carlos Costa Pina, que o Governo quer impôr tectos salariais e retardar o pagamento de bónus aos administradores das empresas nas quais tenha participações minoritárias. Os felizes contemplados são, por exemplo, a TAP, os CTT, a RTP, a Galp, a PT, a EDP, entre muitos muitos muitos outros.

Esta poderia ser uma notícia desanimadora, pois uma imposição deste tipo limita a capacidade de captação de bons gestores para as administrações destas empresas, que acabam por ficar entregues a gestores medíocres (para não dizer outra coisa).

Mas na realidade, não é prática comum vigorar uma meritocracia dentro destas organizações: as pessoas que compõem as administrações das empresas semi-privadas ou semi-públicas são geralmente meros peões escolhidos a dedo para ocupar cargos estratégicos, devido às suas agendas e ligações políticas.

Por isso, sim senhor, limitem os seus salários à vontade.

• • •

alegoria

Portugal é um automóvel. Os portugueses são os passageiros e o Estado é o sistema de segurança. O automóvel arranca e vai ao seu destino - rectas, curvas, subidas, descidas, etc. Se pensarmos noutros países e no mercado global, podemos adicionar mais carros e mais passageiros. O trânsito flui normalmente. No entanto, existe sempre o perigo de acidente e é aí que entram os Estados, no papel de cinto de segurança, ABS, airbags, pára-choques e por aí em diante. Até aqui, tudo bem.

Agora imaginemos um Estado inteligente, um sistema de segurança que pensa por si: começa por adicionar uns travões novos, cintos de segurança nos bancos de trás, enche o porta-bagagens de pneus para piso molhado e seco, junta umas correntes para conduzir na neve, uns avisos sonoros para ajudar a estacionar, uma caixa de mudanças automáticas e mais uma infinidade de coisas - úteis ou não, é irrelevante para o caso.

Posto isto, perante uma situação de perigo eminente que leve à necessidade de fazer uma travagem a fundo (recúo da procura devido à crise actual), é fácil sugerir que os carros com mais sistemas de segurança safar-se-ão melhor que os outros. Mas isto pode não ser completamente verdade: os sistemas de segurança tem um custo: neste caso específico, o seu peso. Quanto mais aparelhos e ferramentas tiver ao seu dispor, mais pesado se torna o carro. E isto influencia a sua velocidade.

Se assumirmos que os carros com os sistemas mais rudimentares andam mais depressa que os outros, torna-se óbvio que a travagem que terão de fazer será muito mais violenta, com fortes possíbilidades de consequências graves e mais ou menos permanentes. Mas também será verdade que, após a travagem, esses mesmos carros (países) serão os que vão retomar a sua velocidade anterior mais rapidamente.

Portugal é um automóvel. Parece-me que já ultrapassou a sua tara de peso há muito tempo.

• • •

4.5.09

outro ataque dos clones

• • •

ataque dos clones

• • •

3.5.09

notícias que não interessam

«The Cato report's author, Greenwald, hews to the first point: that the data shows that decriminalization does not result in increased drug use»

Um artigo interessante da TIME sobre a descriminalização do consumo de drogas em Portugal.

• • •

2.5.09

é tudo fachada

Desemprego a aumentar, preços a cair, dívida pública a crescer, blá blá blá... O que realmente preocupa Teixeira dos Santos neste momento é a vinda da agência de rating Moody's a Portugal. Tudo o resto é palha: os burros que a comam.

• • •

1.5.09

do descaramento

Confirma-se o óbvio. As câmaras municipais de Faro e Loulé querem ampliar o Estádio do Algarve. Depois da histeria criada à volta da candidatura ibérica para organizar o mundial de futebol de 2018 ou 2022 - ou, quem sabe, de 2026 ou até 2030 - seria uma facada no orgulho português se não participassemos com mais de três estádios (Luz, Alvadade e Dragão). Como cada recinto precisa de ter pelo menos 40000 lugares sentados, está na hora de meter mãos à obra (literalmente) e acrescentar mais dez milhares de cadeiras a um estádio onde se assiste a uma média de zero jogos por ano, se ignorarmos a final da famosa Taça Carlsberg. Este será sem dúvida mais um projecto de elevado interesse nacional, sem o qual o país nunca poderá convergir para os patamares económicos desejados por todos.

• • •

dia do trabalhador

«O candidato socialista às eleições europeias, Vital Moreira, foi na tarde desta sexta-feira agredido e insultado por manifestantes da CGTP, em Lisboa, onde decorre a manifestação da Intersindical»

No Diário Digital. Começa assim mais um processo de vitimização.

• • •